História

Castelões é uma das freguesias do concelho de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga. A nascente do concelho, há uma freguesia com história, povoado antigo, entre Famalicão e Guimarães, com origem na época pré romana.

Uma análise cuidadosa ao topónimo ‘Castelões’ chegaria para dele inferir o antiquíssimo povoamento da freguesia. Com efeito, diversos nomes que existiram em Castelões, como o próprio topónimo, ou Campa, denotam um nítido sabor arqueológico.

A antiguidade da freguesia é inquestionável e tem talvez origem romana ou mesmo pré-romana, patente nos vestígios arqueológicos encontrados na Bouça Alta e na toponímia da freguesia.

Em documentos a primeira referência conhecida e feita à freguesia data de 20 de Fevereiro de 1033 e diz respeito a uma doação feita por Marcos e Adosinda, sua esposa, ao mosteiro de Santa Maria de Oliveira. Nessa época é designada por “Sabcto Jacobo de Castelanos”.



Embora não tenha nascido nem morrido em Castelões, Álvaro de Castro Araújo Cardoso Pereira Ferraz, é a personalidade de maior prestígio w com maiores referências ligadas à freguesia. Conhecido por ‘Álvaro de Castelões’, engenheiro de profissão e escritor, foi 3º Visconde de Castelões e muitas são as terras deste País que o quiseram homenagear, atribuindo-lhe o nome de rua, nomeadamente no Porto, em Matosinhos e em Vila Nova de Famalicão.

Atualmente Castelões é uma freguesia com uma população com cerca de dois mil habitantes (1743 indivíduos registados nos Censos 2001) e uma área de cerca 3,6 km quadrados. Continua a ser uma localidade fortemente ligada à agricultura e criação de animais, embora, existam já outras atividades de igual importância, como é o caso da indústria têxtil e carpintaria.

Situada numa região fortemente industrializada como é o Vale do Ave, com acesso rápido a importantes centros urbanos (Famalicão, Guimarães, Braga e Porto) e atravessada por importantes vias de comunicação (A3, A7 e EN206), Castelões é uma freguesia dinâmica, empreendedora e com forte potencial económico.


Há referências à freguesia nas Inquirições de 1220 onde é designada “Sancto Jacobo de Castelaos”, de 1258 por “Sacti Jacibi de Castellanis”, de 1308 por “Santi Jacobi de Castelãos” e em 1676, na primeira ata de visitação, conhecida, por “São Tiago de Castelãos”.

Num documento de 1528, na sequência de anteriores doações, São Tiago de Castelões (S. Tiaguo de Quastelãoos, assim chamado) estava anexa à freguesia de Oliveira. Pertencia ao Julgado de Vermoim, no Termo de Barcelos.

Num extrato do livro "O NOSSO JULGADO DE VERMOIM", 1721 a 1758, faz-se referência aos censos realizados na altura, onde se contam cerca de " 80 vizinhos (habitantes) e pessoas de sacramento e duzentos e trinta e cinco menores ". No mesmo livro, podemos encontrar uma listagem dos lugares existentes na freguesia e que eram: Fonte D’Éguas, Sameiro, Pombais, Canas, Castelões, Vila Cova, Casa de Vale Melhorado, Covêlo, Ribeira, Seixal, Torres, Fraginhizes, Igreja e Assento. Conta também, a respeito da Igreja paroquial, que a mesma possuía três altares, um a S. Tiago, um segundo a Nossa Senhora do Rosário e outro a S. Sebastião.

Como património cultural há a destacar a Igreja matriz, Capela de Santo António e das Alminhas (Torres, Seixal, Monte de Baixo e Agrêlo) e as casas de Pombais e de Santiago. O ex-libris da freguesia é o vetusto aqueduto, outrora fundamental para o transporte de água para a Quinta de S. Tiago.


Heráldica

A identidade da nossa terra

Brasão

Escudo de ouro, aqueduto de dois arcos de negro, lavrado de prata, movente dos flancos e sobre um terrado de verde; em chefe, uma vieira de vermelho. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro:

Bandeira

De vermelho. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.

Personalidade

Álvaro de Castro Araújo Cardoso Pereira Ferraz, 3º Visconde de Castelões

Álvaro de Castro Araújo Cardoso Pereira Ferraz nasceu na cidade do Porto em 1 de Abril de 1859, filho de António Cardoso Pereira Ferraz, 2º Visconde de Castelões, e de D. Maria Emília de Brito e Cunha.
Pelos dois lados descendia de famílias de arreigadas convicções liberais pois seu avô materno, António Bernardo Brito e Cunha, contador da Fazenda no Porto, fora enforcado em 1829 por fidelidade à Carta Constitucional.
Álvaro de Castelões formou-se em Engenharia na Escola Politécnica de Lisboa, tornando-se um dos maiores especialistas portugueses na construção de caminhos-de-ferro, tanto na metrópole como no ultramar.

Apaixonado por África seguiu para Moçambique em 1889 com o objetivo de vencer as dificuldades de navegação do rio Chire, para que fossem possíveis as ligações entre Chibissa e Matope. Nessa empresa, foi um zeloso companheiro do major Serpa Pinto que pretendia desbravar as zonas geográficas entre Angola e Moçambique. Tendo recebido o comando de uma coluna militar, ocupou a região da Mupassa para impor a soberania portuguesa, o que deu motivo ao protesto de Inglaterra que ficou conhecido na história como Ultimatum de 1890. Pelo seu comportamento heroico foi-lhe atribuído, em sessão parlamentar de 15 de Agosto de 1891, o título de Benemérito da Pátria. Seguiu depois para o Estado da Índia como diretor do caminho-de-ferro de Mormugão. Regressou antes do fim do século a Lisboa a fim de exercer o cargo de diretor das Obras Públicas do Minho e Douro.

Com a morte do pai, Álvaro Ferraz recebeu o título de 3º Visconde de Castelões, por carta régia de 27 de Fevereiro de 1905. Cultivou também as letras como poeta de rara sensibilidade, publicando os seguintes livros: O sonho do Infante D. Henrique (1936), O Soneto Neo-Latino (1939), A Amorosa Canção (1944) e Rimas Orientais (1945).

Embora nascido no Porto, cidade onde veio a falecer em 9 de Julho de 1953, o 3º Visconde de Castelões ligou-se por laços de família e dons de espírito a Vila Nova de Famalicão, terra onde publicou os três últimos livros e onde existe uma rua a perpetuar-lhe o nome, como um dos mais distintos colonialistas portugueses dos fins do século XIX.